quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Em Oaxaca, a mentira como método do estado... novamente!

Mais uma vez o estado mexicano, coadunado com as redes de comunicação e os partidos políticos, utiliza-se da mentira para prosseguir na indigesta guerra que declarou contra trabalhadores, mulheres, estudantes e indígenas que buscam sobreviver sob o seu território. No dia 16 de outubro de 2008, na cidade de Oaxaca, palco de uma das maiores insurreições populares dos últimos tempos, Juan Manuel Martínez foi preso acusado de ter assassinado Brad Will, novaiorquino que em 2006 cobria os acontecimentos da comuna de Oaxaca pelo Centro de Mídia Independente de Nova York.
Brad Will registrou sua própria morte em cenas de vídeo em momento de combate de rua onde vários agentes paramilitares abriam fogo contra a população. Apesar disso, hoje recai sobre um simpatizante da APPO (Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca) - a coordenação geral dos diversos movimentos sociais de Oaxaca, constituída durante as lutas de 2006 - a responsabilidade pela morte de Brad.
Apesar de se constituir em mentira absurda, entende-se porque o estado mexicano emerge agora com mais essa atitude ofensiva contra os (as) lutadores (as) sociais de Oaxaca. O início do ano em Oaxaca acompanha a ascensão das reivindicações populares, sobretudo dos (as) professores (as) que, em 2006, foram os principais desencadeadores da luta contra Ulisses Ruiz Ortiz, luta que se configurou em sublevação geral do povo, quando se formaram centenas de barricadas e foram tomaram rádios e emissoras de TV como forma de reforço do poder popular e de pressão pela destituição dos poderes.
Hoje, quando os ânimos encontram-se mais calmos, ainda existem motivos de preocupação por parte do governo de Ulissez Ruiz que insiste em se manter no poder. As (os) professoras (es) oaxaquenhos, além de fazerem reivindicações elementares como maiores verbas para as paupérrimas escolas, merenda escolar digna e sapatos para que as crianças não assistam às aulas descalças, lutam pela liberação de várias escolas controladas pelas forças priistas (tomadas quando da repressão que se abateu sobre Oaxaca na passagem de 2007), pela punição dos culpados pela morte de ao menos 26 pessoas (muitos desaparecidos), pela liberdade dos presos políticos e (reivincicação suprema) a saída de Ulissez Ruiz do poder.
No último dia 17 de janeiro, 71 mil professoras (es) foram às ruas e, em diversos pontos do estado, ergueram-se bloqueios. Num conjunto habitacional da capital oaxaquenha, moradores e professores por volta das 13 horas recuperaram uma escola, coisa que aconteceu também em outros pontos de Oaxaca naquele dia.
Desta feita, a guerra de classe prossegue em Oaxaca. O estado mexicano, sem outra arma além da repressão, do terror, usa a mentira, por sinal método de combate de qualquer estado...

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